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Cetoacidose diabética: o que estudar para a prova de Residência Médica?

Escrito por: Lindamey
9 de agosto de 2023 09/08/2023
11 minutos de leitura 11 minutos de leitura

A Cetoacidose Diabética (CAD) é uma das emergências médicas mais críticas associadas ao diabetes, frequentemente abordada em provas de Residência Médica devido à sua relevância clínica e complexidade. 

Compreender a CAD não é apenas essencial para o sucesso acadêmico, mas também para a prática médica diária, onde a rapidez e a precisão no diagnóstico e tratamento podem salvar vidas.

Prepare-se para entender melhor um tema vital e desafiador, que pode ser o diferencial na sua prova e na sua futura carreira médica. Confira os aspectos cruciais da CAD e como manejá-la de forma eficaz!

Vai fazer prova de residência médica? Entenda tudo sobre Cetoacidose diabética. | Foto: Freepik.
Vai fazer prova de residência médica? Entenda tudo sobre Cetoacidose diabética. | Foto: Freepik.

O que causa uma cetoacidose diabética?

A cetoacidose diabética é uma complicação grave que pode afetar pessoas com diabetes, sendo mais frequente em quem tem diabetes tipo 1, embora também possa ocorrer em pessoas com diabetes tipo 2. 

A condição surge quando o organismo não possui insulina suficiente para permitir que a glicose seja utilizada pelas células como fonte de energia. Sem insulina, o corpo começa a metabolizar gordura como alternativa para gerar energia, o que resulta na produção de cetonas.

 Essas substâncias, ao se acumularem no sangue em níveis elevados, tornam-se perigosas e podem provocar desequilíbrios metabólicos severos.

As cetonas são ácidos que, em pequenas quantidades, podem ser eliminados pela urina, mas quando produzidos em excesso, podem alterar o pH do sangue, levando à acidose. A cetoacidose diabética é um quadro emergencial que requer intervenção rápida, pois, sem tratamento, pode resultar em coma diabético e até morte.

As principais causas da cetoacidose diabética são multifatoriais e envolvem desde erros no controle da doença até o surgimento de complicações inesperadas. Entre as causas mais comuns estão:

1. Falta de Insulina: um dos fatores mais frequentes é a insuficiência de insulina no organismo. Isso pode ocorrer devido à omissão de doses de insulina, erro no manuseio de dispositivos de aplicação, ou até mau funcionamento desses dispositivos. A ausência dessa regulação hormonal compromete a capacidade do corpo de metabolizar a glicose, resultando na busca por fontes alternativas de energia.

2. Infecções: infecções, como pneumonia, infecção urinária ou outras condições infecciosas, aumentam a necessidade do corpo por insulina, tornando mais difícil controlar os níveis de glicose no sangue. Essas situações podem desencadear a cetoacidose se a adaptação do tratamento não for realizada adequadamente.

3. Estresse Físico ou Emocional: situações de estresse físico, como cirurgias, infarto do miocárdio, ou doenças graves, podem sobrecarregar o organismo. O estresse emocional também pode ter um papel significativo no desencadeamento da cetoacidose, especialmente em indivíduos com diabetes que já possuem um controle glicêmico mais instável.

4. Outros Fatores: existem ainda outros fatores que podem influenciar o surgimento da cetoacidose diabética. Doenças agudas, como pancreatite, podem desestabilizar os níveis de glicose no sangue. O uso de certos medicamentos, como corticoides, pode também interferir no metabolismo da insulina, favorecendo o desenvolvimento da condição.

Os sintomas da cetoacidose diabética se manifestam de maneira rápida e incluem sede excessiva, boca seca, vontade de urinar com frequência, náuseas, vômitos, dores abdominais e respiração acelerada e profunda. Um sinal característico da condição é o hálito com odor adocicado ou frutado, causado pela presença das cetonas no organismo.

O reconhecimento precoce desses sintomas é fundamental para evitar complicações. Caso não seja diagnosticada e tratada de forma eficaz, a cetoacidose pode levar a consequências graves, como desidratação severa, perda de consciência e até coma. Por isso, é crucial procurar atendimento médico imediatamente ao perceber qualquer sinal de cetoacidose diabética.

O tratamento envolve a administração rápida de insulina, fluídos intravenosos e eletrólitos, a fim de restaurar o equilíbrio normal do corpo. Além disso, é fundamental identificar e tratar a causa subjacente, seja uma infecção, estresse físico ou qualquer outro fator que tenha contribuído para o desencadeamento da condição.

Manter um controle rigoroso do diabetes, realizando o monitoramento regular dos níveis de glicose e cetonas, bem como seguir corretamente o plano de tratamento prescrito, são medidas essenciais para prevenir a cetoacidose diabética.

Você sabia que o diabetes descontrolado não tem como processo fisiopatológico único a cetoacidose?

Isso porque a cetoacidose alcoólica também é capaz de desencadear essa condição no paciente.

Uma CAD ocorre com maior frequência em pacientes jovens portadores de Diabetes Mellitus tipo 1 apesar de também se manifestar em pacientes mais velhos e portadores de Diabetes Mellitus tipo 2. 

Como sabemos que esse é um tema que aparece bastante nas suas provas e precisa de uma atenção maior, aqui te daremos um resumo com o que é possível de cair na prova de Residência Médica e, para isso, vamos abordar as perguntas mais importantes sobre o tema.

Quais são os fatores que poderão ser utilizados pelo profissional para fechar um diagnóstico de CAD? 

O diagnóstico de CAD somente poderá ser fechado caso os três sinais a seguir estiverem presentes: 

  • Glicemia >  250 mg/dl
  • Acidose metabólica (pH < 7,3/ HCO₃ < 15-18)
  • Cetonemia positiva

Como deve ser feito o tratamento para a CAD? 

De forma geral, o tratamento da CAD baseia-se em três pontos que precisam ser garantidos para haver o devido tratamento do paciente: 

  • Hidratação venosa; 
  • Insulinoterapia;
  • Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos presentes.

Quais os 3 principais aspectos clínicos da cetoacidose diabética?

A cetoacidose diabética (CAD) é uma emergência médica caracterizada por três principais aspectos clínicos: hiperglicemia, cetose e acidose metabólica. Esses elementos estão interligados e desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento da condição, exigindo um diagnóstico rápido para evitar complicações graves, como o coma e a morte.

Saiba tudo sobre Cetoacidose diabética para prova de residência médica. | Foto: Freepik.
Saiba tudo sobre Cetoacidose diabética para prova de residência médica. | Foto: Freepik.

1. Hiperglicemia:

A hiperglicemia, ou elevação dos níveis de glicose no sangue, é uma das marcas da CAD. Em geral, os níveis de glicose no sangue de uma pessoa com CAD estão acima de 250 mg/dL. Essa elevação ocorre devido à deficiência de insulina no organismo. A insulina é o hormônio responsável por permitir que a glicose entre nas células e seja utilizada como fonte de energia. Quando há falta de insulina, a glicose permanece no sangue, resultando em níveis perigosamente elevados. Isso pode levar a sintomas como sede excessiva, urina frequente, e fraqueza, que são sinais comuns da CAD.

2. Cetose:

A falta de insulina também faz com que o corpo procure fontes alternativas de energia, uma vez que a glicose não pode ser utilizada adequadamente pelas células. O organismo começa, então, a quebrar as reservas de gordura, o que leva à produção de corpos cetônicos. Esses corpos cetônicos são ácidos que se acumulam no sangue, um processo conhecido como cetonemia, e também podem ser detectados na urina, um fenômeno chamado cetonúria. 

A cetose é um indicador importante da CAD e pode ser identificada através de exames laboratoriais. Os corpos cetônicos, quando presentes em excesso, são tóxicos e contribuem para a acidose metabólica. Isso explica por que pessoas com CAD frequentemente apresentam hálito com odor frutado, causado pela liberação das cetonas.

3. Acidose Metabólica:

A acidose metabólica é uma consequência direta da acumulação de corpos cetônicos no sangue. Esses ácidos alteram o pH sanguíneo, tornando-o anormalmente baixo, o que caracteriza a acidose. Em casos de CAD, o pH venoso geralmente fica abaixo de 7,3, e os níveis de bicarbonato sérico, substância que ajuda a manter o equilíbrio ácido-base no corpo, caem para menos de 15 mEq/L. 

A acidose metabólica é responsável por muitos dos sintomas graves associados à CAD, incluindo respiração rápida e profunda, conhecida como respiração de Kussmaul, que ocorre como uma tentativa do corpo de compensar o desequilíbrio ácido-base. Outros sintomas comuns incluem náuseas, vômitos e dor abdominal, que surgem devido à severidade da acidose.

Esses três aspectos – hiperglicemia, cetose e acidose metabólica – formam o quadro clínico clássico da cetoacidose diabética. A identificação precoce desses sinais é essencial para que o tratamento adequado seja iniciado rapidamente. 

O tratamento da CAD envolve a administração de insulina para reduzir os níveis de glicose no sangue, fluídos intravenosos para reidratar o paciente, e eletrólitos para corrigir os desequilíbrios causados pela acidose metabólica.

Se a cetoacidose diabética não for tratada prontamente, o paciente pode desenvolver complicações sérias. A desidratação severa, a descompensação de órgãos vitais, e até o coma são riscos consideráveis quando a condição não é controlada. 

Portanto, é crucial que qualquer pessoa com diabetes, especialmente aquelas com diabetes tipo 1, estejam atentas aos sintomas da CAD e busquem atendimento médico de urgência caso esses sinais se manifestem.

O monitoramento contínuo dos níveis de glicose e cetonas, assim como o ajuste adequado da dose de insulina em momentos de estresse, infecção ou outras situações que aumentam o risco de CAD, são medidas essenciais para prevenir a condição e evitar suas complicações.

Quais são as complicações da cetoacidose mais frequentes e que merecem atenção?

São várias as complicações que podem ser geradas pela CAD como: infecção, hipertrigliceridemia, síndrome do desconforto respiratório agudo, acidose metabólica hiperclorêmica e trombose vascular.

Aqui iremos focar apenas naquelas que possuem mais registros de incidências nas provas de Residência Médica pelo país. 

Edema cerebral

Na lista das complicações que podem ser causadas pela cetoacidose, a mais frequente e famosa é o “edema cerebral”.

Você sabe em que contexto o edema ocorre?

Esse processo irá ocorrer quando a osmolaridade plasmática se reduzir drasticamente durante o processo de insulinização e hidratação venosa.

Dessa forma, portanto, passa a existir um gradiente entre o meio extra e intracelular que impele o fluxo osmótico para dentro dos neurônios. 

Apesar de rara, essa é uma complicação grave e ainda mais comum em crianças. 

Os fatores que aumentam a probabilidade de desenvolvimento dessa complicação são a hiper-hidratação, utilização de bicarbonato, acidose grave e hipoglicemia.

Mucormicose

Apesar de menos frequente, essa é uma complicação que vale a pena compreender melhor! 

Para saber quando um paciente em tratamento para Cetoacidose Diabética apresenta a doença, é necessário observar se há a saída de uma secreção enegrecida do nariz com destruição do septo nasal. 

A mucormicose é causada pelo fungo Rhizopus e tem como forma de tratamento o uso de Anfotericina B, associado a um desbridamento cirúrgico.

Acesse um resumo com os principais conceitos em cetoacidose diabética 

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