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Posso ser médico sem Residência Médica?
7 minutos de leitura
Você sabia que a tuberculose é uma das infecções mais comuns do mundo e é muito prevalente no Brasil?
Provavelmente você já sabe disso, mas ela é também uma doença que, apesar de poder se apresentar em literalmente qualquer órgão, desde as vísceras até a pele, ela se apresenta muito mais facilmente de forma respiratória.
Acompanhe o nosso resumo exclusivo sobre a doença nas próximas linhas.
A tuberculose é uma doença com alta infectividade e baixa patogenicidade, bastante associada à pobreza e aos conglomerados populacionais. Possui notificação compulsória e a sua notificação deve ser feita na confirmação do caso, e não na suspeita.
O principal agente causador da tuberculose é o Mycobacterium tuberculosis.
A transmissão do agente ocorre de forma aérea, principalmente por meio de gotículas e aerossois, sendo que as formas que oferecem risco de transmissão são a tuberculose pulmonar, a tuberculose laríngea e a caverna pulmonar.
Uma vez inalados, os bacilos se dissipam pelo trato respiratório, vencem a barreira mucociliar e atingem os alvéolos, desenvolvendo a primoinfecção pulmonar.
Em algumas pessoas, as células de defesa se acumulam ao redor do parênquima pulmonar onde os bacilos se fixaram, formando um granuloma (uma barreira que impede a disseminação da bactéria), mas sem eliminar o agente infeccioso do local.
Esse recebe o nome de nódulo de Ghon, que forma o complexo de Ranke. Essa é chamada de tuberculose latente.
Quem não consegue conter a infecção pulmonar e a disseminação da doença, na primoinfecção, esses indivíduos estarão, além de infectados, também doentes.
Ou seja, eles estarão com tuberculose primária.
De forma semelhante, indivíduos com tuberculose latente podem acabar desenvolvendo algum grau de imunodeficiência ao longo da vida ( tuberculose pós-primária).
Na forma primária, o paciente apresenta-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna e inapetência.
Nos exames de imagem, os padrões são bastante variados, trazendo desde consolidações parenquimatosas até um padrão miliar.
Na tuberculose pós-primária, o sintoma predominante é a tosse por mais de três semanas.
Além disso, há também:
O padrão radiológico apresenta infiltrados, cavitações e derrame com predominância de acometimento dos segmentos posteriores dos lobos superiores e dos segmentos superiores dos lobos inferiores.
Os testes que envolvem a identificação do bacilo são:
Para a identificação do bacilo, o teste rápido molecular (TRM) é o exame de escolha, pois além de identificar as bactérias, avalia também sua resistência à rifampicina.
Em caso de indisponibilidade do TRM, o diagnóstico será feito através da baciloscopia do escarro.
A cultura também deve ser solicitada, ficando o teste de sensibilidade restrito aos casos positivos.
Importante: a baciloscopia será o método de escolha para seguimento do paciente durante o tratamento da tuberculose.
A radiografia de tórax deve ser solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB pulmonar, e tem como principais objetivos excluir outra doença pulmonar associada, avaliar a extensão do acometimento e acompanhar sua evolução radiológica durante o tratamento.
Sim. Abaixo separamos quais são eles.
A prova tuberculínica é um teste realizado para identificar indivíduos infectados, não necessariamente doentes, ou seja, com a infecção latente da tuberculose (lembre-se da alta infectividade e baixa patogenicidade).
Esse teste consiste na análise da área de induração e eritema por meio da qual, avalia-se a resposta imune celular ao antígeno do bacilo.
Mede-se o maior diâmetro transverso da área do indurado palpável com uma régua milimetrada transparente e estará infectado pelo M. tuberculosis o paciente que tenha induração igual ou superior a 5 mm.
O PPD só pode ser realizado em crianças com quadro clínico suspeito, ou nos casos de infecção latente em crianças e adultos.
O IGRA é outro teste para rastreio de TB em pacientes que foram contactantes de pacientes sabidamente infectados pelo BK.
A interpretação do IGRA é positiva ou não.
Quando positivo, ele está indicando contato com o BK.
Na criança, a forma pulmonar costuma ser paucibacilífera devido ao reduzido número de bacilos nas lesões
O diagnóstico na infância (≤ 10 anos) é feito por meio de um escore que considera quatro itens:
• Prova tuberculínica (PPD).
• Quadro clínico-radiológico.
• Contato com algum adulto acometido.
• Estado nutricional
1. Notificação compulsória semanal no SINAN;
2. Pesquisa dos contactantes;
3. Oferecer sorologia anti-HIV (coinfecção mais associada à tuberculose);
4. Checar a vacina contra a BCG (prevenção das formas graves – disseminada e meníngea);
5. Tratamento efetivo com estratégia de tratamento diretamente observado (TDO);
6. Definir se há critérios de internação;
No TDO, é possível que o paciente precise comparecer à unidade de saúde uma vez por semana para receber as doses de medicamentos para a semana toda
Essa abordagem permite um controle adequado para verificar se o paciente está realmente seguindo o tratamento.
O esquema de tratamento da tuberculose compreende duas fases: a intensiva e a de manutenção.
O esquema básico para pacientes a partir de 10 anos é dividido em fases:
As drogas utilizadas no tratamento da tuberculose têm diversos efeitos adversos como a hepatotoxicidade.
Dentre os principais efeitos colaterais específicos, temos:
• Rifampicina: púrpura, síndrome gripal e urina alaranjada.
• Isoniazida: neuropatia e psicose.
• Pirazinamida: hiperuricemia (que pode desencadear gota) e rabdomiólise com lesão renal aguda associada.
• Etambutol: neurite óptica.
Gostou do nosso resumo? Treine com as nossas questões que possuem comentários exclusivos sobre seus temas de prova!
(USP-RP – SP – 2023) Homem, 35 anos, trabalha como pedreiro e comparece à unidade de saúde para uma consulta, acompanhado de sua esposa, que acha estranho o marido estar com tosse há um mês. O paciente relata que no início a tosse era seca, e que atualmente está com catarro. Acha que perdeu peso, porque suas roupas estão mais largas, e que, frequentemente, tem tido febre quando chega do trabalho à tarde. A esposa declara que o marido geralmente apresenta febre de 38,5 °C e que transpira bastante durante a noite. Não é hipertenso e nem diabético. Nega problemas pulmonares na infância. É tabagista de “paieiro” há 15 anos. À ausculta pulmonar, observa-se um murmúrio vesicular reduzido. Qual seria o melhor exame para confirmar o diagnóstico?
a) Hemograma completo.
b) Hemocultura.
c) Baciloscopia de escarro.
d) Espirometria
Vamos às alternativas:
Alternativa A – Incorreta: Hemograma não faz parte da conduta inicial para o paciente com suspeita de TB.
Alternativa B – Incorreta: Hemocultura não faz parte da conduta inicial para o paciente com TB com tratamento ambulatorial.
Alternativa C – Correta: Como discutimos acima, iniciaremos nossa busca pela baciloscopia, com duas amostras.
Alternativa D – Incorreta: A espirometria é um exame que avalia a função pulmonar. Nesse caso, considerando que o paciente apresenta um quadro infeccioso, acrescentaria pouco para a investigação inicial.
Posteriormente, tendo em vista a história importante de tabagismo, caberia a sua solicitação para avaliar sequelas da tuberculose ou o prejuízo funcional secundário ao uso crônico de tabaco.
Portanto, o gabarito é a alternativa C.
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